'A reparação às vezes demora, mas ela tá vindo', diz Márcio Victor no Jantar Preto

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Márcio Victor, vocalista da banda Psirico, foi um dos nomes que prestigiou o Jantar Preto, evento idealizado pela agência KeLe, spin off do coletivo MOOC, que tem como objetivo redefinir as narrativas de luxo, criando um espaço de celebração exclusivo para pessoas negras. A edição deste ano foi realizada na última quinta-feira (16), no Hotel Fasano, no Centro Histórico de Salvador. 

Em conversa com o Alô Alô Bahia, o cantor comentou sobre a importância do Salvador Capital Afro e das ações envolvendo o Novembro Negro, mas ressaltou que deveriam ser feitas o ano inteiro. "Essa luta é de anos pelo reconhecimento do que somos, da história desse lugar. É por onde tudo começou, né? A reparação às vezes demora. Ela vem, tá vindo, mas a luta é muito árdua do nosso povo para conseguir igualdade em todos os sentidos, principalmente igualdade comercial", afirma. 

Segundo ele, o racismo estrutural ainda é visível na falta de patrocínios. "Pessoas pretas seguem sem ter acesso às grandes marcas. Sempre dizem que não tem cota. E nessa questão de ser no Nordeste, ainda tem muito essa coisa de ser o lugar mais populoso pelo povo preto. Salvador é a cidade mais negra fora da África e as grandes marcas ainda preferem desenvolver os trabalhos lá pela rota dos estados do Sul-Sudeste", comenta Márcio. 

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Apesar disso, marcas, como a Meta — que realizou o Jantar Preto em parceira com a agência KeLe — valorizam as potências do povo preto. "Algumas marcas entendem isso e estão chegando junto. Feliz pelo Liberatum, feliz pelo Afropunk e feliz pelo pela movimentação e atenção com os blocos afro no Salvador Capital Afro. Essa dificuldade para conseguir patrocínio é uma coisa ainda que me deixa triste. E os pretos ainda lutam para sobreviver em Salvador. E ainda são vítimas da violência, principalmente contra os pretos da periferia. A falta de oportunidade gera violência. Violência contra o nosso povo", pontua.
 
Márcio Victor, aliás, é um exemplo concreto de que as oportunidades transformam as periferias. "Eu ainda sonho em ver mais oportunidades, mais possibilidades de morar melhor nas periferias, nas encostas. Mais facilidade com os transportes... Sonho que acabem os olhares de que o povo preto tem um cunho de irresponsabilidade, de sujeira ou de impotência. A gente está se organizando há anos para que essa visão modifique o mais rápido possível e a gente possa viver numa sociedade mais igual. E que não sejamos reconhecidos só em novembro, mas durante o ano inteiro", completa.

O líder da Psi fez questão de deixar seu recado aos seus: "Peço à turma, ao povo preto, que se sentir incomodado com qualquer preconceito, racismo, etc, que denuncie, porque isso tem ajudado muito a combater. Não se calem! Ensinem para as crianças que o mundo é delas, e que no futuro não vai ser só novembro, vai ser durante o ano inteiro esse reconhecimento do povo preto". 

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  • Aloísio Menezes, Márcio Victor e Kevin David
O Jantar Preto foi realizado em parceria com a Meta, empresa proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, Flagcx e o Alô Alô Bahia como parceiro de mídia local.


* Por Naiana Ribeiro. Fotos: Elias Dantas/Alô Alô Bahia.

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