“Transformação fabulosa”: Mãeana fala sobre vida em Salvador, projetos e confirma temporada de shows na cidade

Se for preciso escolher só uma palavra para atribuir à cantora Ana Cláudia Lomelino, nome de batismo de Mãeana, a que primeiro vem à mente, depois de conhecer um pouco de sua trajetória, é conexão. A artista carioca de 38 anos, completado no último dia 7, vem trilhando uma bem-sucedida trajetória musical baseada no afeto e construída a partir de trocas, vivências, experimentações e até coincidências, como quando conheceu o som do pernambucano João Gomes numa viagem que fez em 2021 a Bahia, antes de mudar de vez pra cá com o marido, o músico Bem Gil, e os filhos e Dom e Sereno, no ano passado. Em seguida, veio a temporada de shows às segundas-feiras na Casa da Mãe – espaço cultural e gastronômico no boêmio Rio Vermelho, onde o projeto JG, no qual a artista mistura João Gomes e João Gilberto, ganhou corpo.

O show atual, com um repertório que fala muito de amor, veio depois dos elogiados discos “mãeana” (2015) e “mãeana 2” (2021), no qual os temas passam por maternidade, trocas e universos cósmicos e, também, do espetáculo em que reinterpreta clássicos de Xuxa. Hoje, sua voz suave e envolvente embala as releituras de sucessos dentro do que ela chama de “pisa nova”, uma brincadeira que une a Bossa Nova com o piseiro, ritmo cantado por João Gomes.

 Notícias: Alô Alô Bahia no seu WhatsApp! Inscreva-se

Algumas dessas versões foram lançadas nas plataformas de streaming. São elas “Meu pedaço de pecado” e “Tô sem você”, de João Gomes; “Bastidores”, canção de Chico Buarque presente no repertório de João Gilberto; e a mistura de “Digo ou não digo”, de João Gomes, com “Insensatez” (Tom Jobim). Todos os singles foram produzidos por Bem Gil e Sebastian Notini

Com uma agenda já confirmada a partir de novembro em Salvador, logo o público fiel das “Segundanas” vai ter o reencontro que merece com sua artista. A nova temporada na Casa da Mãe promete ser ainda mais surpreendente que a anterior, quando Mãeana fez de tudo, experimentações musicais e cênicas, encontros e até mesmo seu próprio casamento, realizado no palco, diante dos sogros Flora e Gilberto Gil e de amigos famosos como Caetano Veloso, Regina Casé e Paula Lavigne. Enquanto essa hora não chega, confira a entrevista que Mãeana deu ao Alô Alô Bahia. Uma sugestão: leia ouvindo sua playlist.
JFHtS99.md.jpg

Alô Alô Bahia: Você tem já uma trajetória rica em experiências na música, ao mesmo tempo em que cada passo de sua trajetória vem acompanhado de uma novidade sonora. O que te motiva na música?

Mãeana: A musicalidade sempre esteve presente na minha vida. Meus pais amam música e esse amor se expandiu para os filhos, e todos, apesar de não trabalharem com ela, fazem dela parte da vida. Meu pai é engenheiro, mas toca piano e sempre tivemos piano em casa. Minha mãe tocava violão e canta lindamente. Meu irmão é médico, mas toca cavaquinho, um instrumento que eu acho, inclusive, muito difícil. O nome dele é João Paulo Lomelino e é um doutor oftalmologista de grandes sambistas. Então o que me motiva é esse amor, a música está em tudo na minha vida desde sempre e na hora de descobrir minha autonomia profissional, ela me pegou pelas mãos e me guiou de forma muito generosa. Sempre cantei rodeada de pessoas muito amorosas e que também amam música. Vejo essa relação entre a música e os habitantes do planeta Terra como algo absolutamente divino. Existe uma parábola de Khalil Gibran que diz que a música é uma deusa que se apaixonou pelo ser humano e por isso está sempre perto dele.
 JFHtv87.md.jpg
AAB: Você disse em uma entrevista que evitou cantar o amor e agora imergiu na obra de João Gomes. Como se deu essa descoberta musical e essa mudança?

M: 
Eu evitava o amor romântico por uma necessidade de equilíbrio, queria poder cantar e ouvir outros temas porque esse predomina demais sempre, mas isso não significa que eu não goste do tema, eu gosto muito e, de fato, parece ser o que mais toca as pessoas. Conheci o som de João Gomes aqui na Bahia, numa viagem que fiz em 2021 e fiquei escutando no repeat. Naturalmente aprendi todas as músicas do disco ‘Eu tenho a senha’ e comecei a cantar elas sempre: no banho, na vida, nos stories e depois incluí as minhas duas preferidas no meu show autoral - que não é exatamente autoral pq são canções de amigos feitas pra eu cantar - e todo mundo gostou e pedia mais. A mudança (de repertório) se deu junto da mudança pra Salvador.


AAB: O que cantar o amor muda no que você acredita e defende como mulher e artista?

M: Eu acreditava que cantar o amor era menos importante justamente por esse tema ter uma predominância tão desequilibrada, mas aos poucos estou conseguindo cantar o amor e ao mesmo tempo falar de questões que eu acredito serem muito importantes e necessárias.


AAB: Seus shows são sempre experiências que vão além da musicalidade (fui te ver na Casa da Mãe). Você se exprime através do figurino e do gestual, para além da cenografia, entregando um espetáculo cênico. Como se dá a concepção dos seus shows?

M:
A concepção dos shows começa dentro de casa e na minha vida eu sempre dei importância a estética como um todo, sou apaixonada por cores, coisas e etc, e sobre o gestual, a mesma coisa. Minha formação acadêmica é em Consciência Corporal na escola Angel Vianna, no Rio de Janeiro, amo dançar.
JFHi7AG.md.jpg

AAB:  De onde vem sua bagagem musical? O que você ouve sempre e o que tem descoberto, além de João Gomes?

M: Tenho um repertório de gostos muito vasto na música brasileira, amo muita coisa! Os Tincoãs, os Tropicalistas, a bossa-nova, o samba, os afro-sambas, o pagode, a MPB em geral, mas confesso que sou apegada a músicas antigas e raramente me apaixono por algo novo, como foi o caso do JG, mas acompanho o som dos meus colegas de geração com admiração também. Escuto sempre Jorge Aragão e de novas descobertas eu vou citar Natascha Falcão [cantora pernambucana indicada ao Grammy Latino 2023 na categoria Revelação].


AAB: Como a decisão de morar em Salvador impactou sua vida em família e seu processo criativo como artista?

M: 
Estamos morando em Salvador desde julho de 2022 e a transformação foi fabulosa. O projeto JG, no qual misturo João Gomes e João Gilberto, nasceu e ganhou corpo graças a oportunidade que Stella Maris me deu de cantar na Casa da Mãe (bar icônico do Rio Vermelho) toda semana. E a família toda está muito feliz.


AAB: A temporada que você fez na Casa da Mãe foi um sucesso. Quais seus planos em solos baianos?

M: As “Segundanas” voltam em novembro e ficam o verão todo. Toda segunda-feira estarei lá na Casa da Mãe cantando o amor e falando minhas ideias, meus minutos de sabedoria (risos). Em dezembro, vou fazer meu show autoral no Festival Radioca, dia 17. Vai ser uma retomada maravilhosa pra mim pois quero muito que Salvador conheça minha outra vertente musical - maternal e ufo!

   
Fotos: divulgação e reprodução/redes sociais


Leia mais notícias na aba Notas. Acompanhe o Alô Alô Bahia no TikTok. Siga o Alô Alô Bahia no Google News e receba alertas de seus assuntos favoritos. Siga o Insta @sitealoalobahia, o Twitter @AloAlo_Bahia e o Threads @sitealoalobahia.

NOTAS RECENTES

TRENDS

As mais lidas dos últimos 7 dias