De frente com Gustavo Moris



Entrevistado atencioso, do tipo que olha o interlocutor diretamente nos olhos, fixando neles os seus, Gustavo Moris não foge de nenhuma pergunta. Faz um perfil ousado, que a gente adora. Advogado, professor de Direito e Conselheiro da OAB-BA, é uma espécie destemida – que não leva desaforo para casa. Durante a nossa conversa, não titubeou nenhuma vez e ainda afirmou que “ o advogado bom não pode ser medroso”. Abaixo, o bate-papo!


Alô Alô Bahia – De onde vem sua paixão pelo Direito?


Gustavo Moris – Do gosto que sempre tive desde muito jovem de argumentar. Sempre achei que o direito poderia me dar as ferramentas necessárias para o discurso coerente, reto e amplo sobre um dado tema.


Alô Alô Bahia – Continua achando a mesma coisa?


Gustavo Moris – Continuo achando o direito uma ferramenta poderosa. Mas o amadurecimento me fez ver que existem outras lógicas e perspectivas humanas que não são resolvidas só pelo discurso jurídico.


Alô Alô Bahia – Quais, por exemplo?


Gustavo Moris – Existem valores, como solidariedade, compreensão do próximo e justiça, por exemplo, que não conseguem ser capturados pela linguagem jurídica. Mas são valores essenciais para uma sociedade mais próspera, feliz e menos conflituosa.


Alô Alô Bahia - Onde um (bom) advogado não pode errar?


Gustavo Moris – Olha. Para um bom advogado não pode faltar coragem. Ou seja: o advogado bom não pode ser medroso.


Alô Alô Bahia – Então, presume-se, já enfrentou diversos desafios. Qual foi o maior?


Gustavo Moris – Todo processo e toda causa são desafios singulares. O grande desafio do advogado é ser firme sem perder a suavidade. Tem uma frase de Ruy Barbosa que gosto muito: o advogado não deve abandonar a justiça, nem cortejá-la.


Alô Alô Bahia - Também tem uma frase de Ruy Barbosa que fala que a liberdade é o maior elemento de estabilidade das instituições. Como pratica a sua?


Gustavo Moris – Agindo em sintonia com minha consciência. Não deixando de defender causas porque são impopulares, nem deixando de enfrentar causas perigosas, quando forem justas.


Alô Alô Bahia – O senhor é um homem inteligente – e rápido. Quem lhe inspirou?


Gustavo Moris – A finitude da vida! Saber disso me oportuniza escolher que atitude posso ter diante de cada evento e mais do que isso, descobrir que em minhas mãos está a possibilidade de ser o protagonista de minha história pessoal.


Alô Alô Bahia – Um pouco clichê. Uma contradição para um homem tão objetivo. Não teve heróis?


Gustavo Moris – Me deu vontade de cantar Cazuza: Meus heróis morreram de overdose.


Alô Alô Bahia – O senhor costuma ter impulsos?


Gustavo Moris – Como todo ser humano.


Alô Alô Bahia – Voltando a Ruy Barbosa. Tem visto triunfar as nulidades?


Gustavo Moris – Não. Acho que com todos os problemas que temos, nossa sociedade tem avançado. A Democracia hoje é um valor que não aceitamos mais abrir mão. A justiça está mais aberta ao diálogo. E os privilégios têm diminuído ano após ano.


Alô Alô Bahia – Se a gente desligasse agora o microfone e fizesse uma pergunta indiscreta, o senhor responderia ou sairia pela culatra?


Gustavo Moris – Exerceria meu direito constitucional de permanecer calado!


Alô Alô Bahia – Obrigado.

 

Foto: Reprodução. 

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