Entrevistas


27 Dec 2023

Lore Improta inicia maratona de Verão e desabafa sobre doença incurável: 'Ainda sinto dores muito fortes'

Lore Improta inicia nesta quarta-feira (27) uma maratona de Verão que só deve terminar depois do Carnaval. Casada com o cantor Léo Santana, a dançarina e apresentadora vai acompanhar o marido nos shows que ele vai fazer neste final de ano. O primeiro já acontece hoje, em Pipa, no Rio Grande do Norte, a 80km de Natal.

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WhatsApp Image 2023 12 26 at 10.07.14"Hoje Léo tem show em Pipa, Rio Grande do Norte, e eu vou estar acompanhando ele nesse final de ano nos shows. Tem tempo que eu não faço show fora (…) Esse final de ano eu vou ficar grudadinha. Vai ser bem legal. Hoje a gente já viaja daqui a pouco, bate e volta. Iremos curtir um pouquinho esse final de ano", comentou a influenciadora

Mais cedo, a artista foi em sua médica para avaliar as dores que sofre, consequência do Neuroma de Morton. A condição é causada pelo uso de sapatos que não permitem que os pés fiquem em posição natural. "Fui ali na médica fazer laser no pezinho para melhorar, dar uma aliviada, nele", contou a dançarina. 

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Também nesta quarta-feira (27), Lore conversou com o Alô Alô Bahia. No papo, Lore falou sobre como lida com a doença incurável, sobre os planos para o final de ano e para o Carnaval, e sobre a filha, Liz, fruto da relação com Léo Santana.

Confira a entrevista completa abaixo:

 
  • Como foi o seu Natal? E quais os planos para o Réveillon?
O Natal sempre passamos com a nossa família em casa. Já no Réveillon, estarei acompanhando o Léo nos shows dele.
 

Léo se apresenta nesta sexta-feira (29), no Festival Virada Salvador, e no Réveillon Praia do Forte. No sábado (30), vai levar o Baile da Santinha para Porto Seguro, e se apresenta no Pré-Réveillon do Parador Internacional Guriri, que acontece em São Mateus (ES). Já no domingo (31), o cantor se apresenta no Réveillon Em Alto Mar, em Copacabana, e na segunda-feira (1º) faz show no P12, em Florianópolis (SC).
 
  • Como vai ser seu janeiro? Você vai fazer alguma participação nas duas edições do Baile da Santinha?
Janeiro será muito movimentado, tenho campanhas publicitárias programadas, os ensaios de Carnaval, que vão ser muito mais frequentes, e também terá o baile "A Noite da Aclamação" (saiba mais). Será um mês muito especial e incrível, estou ansiosa para janeiro chegar logo.
 
  • “A Noite da Aclamação”, que acontece no dia 29 de janeiro, vai ser um baile de gala com show de Carlinhos Brown em local histórico de Salvador. Como surgiu essa ideia? Pode me adiantar alguns dos convidados?
Eu e o Léo sempre tivemos vontade em realizar algo grandioso para celebrar o Carnaval e a Bahia. Nosso plano era já ter realizado o baile antes, mas, por conta da pandemia, decidimos adiar para entregar algo na altura no nosso estado. O mais especial é que toda a renda arrecadada com doações e na bilheteria será destinada às obras da Irmã Dulce.

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  • E como vai ser seu Carnaval? Vai se dividir entre Salvador e Rio de Janeiro?
O meu Carnaval já começou faz um tempinho (risos). Venho me preparando para o desfile da Viradouro, no Rio de Janeiro, e já realizamos diversos ensaios na quadra da escola e também na rua. Irei sim me dividir, vou participar do Carnaval de Salvador e desfilar na Sapucaí. O Carnaval é a época do ano que mais amo e estou muito ansiosa e feliz que está chegando.
 
  • Como você faz para lidar com o Neuroma de Morton diante dessa agenda apertadíssima? Não dá um nervoso?
A felicidade e ansiedade é tanta que acaba falando mais alto que a dor, mas venho cuidando há um ano internamente do Neuroma de Morton para sentir menos dor. Infelizmente, ainda sinto dores muito fortes. O nervoso e a ansiedade estão sempre ali, mas a alegria e a satisfação em atravessar a Sapucaí ao lado da minha escola do coração é maior.
 
  • E a Liz? Vai participar de alguma dessas ações no Verão? O que vocês estão planejando fazer com ela neste Verão?
A nossa programação de Verão com a Liz será aproveitar muito. Ir à praia, à piscina e brincar muito. Liz tem a sua rotina e dorme cedo, então em nossas programações que são de trabalho muitas vezes ela não acompanha.

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Fotos: Bruno Fiorentino/Divulgação, @julianosimoes_ e Reprodução/Instagram.

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27 Dec 2023

Márcio Victor retorna de Miami e faz balanço de 2023: 'Mostramos a força do nosso pagodão no mundo'

Antes de entrar de cabeça no Verão, com agenda cheia do Réveillon até o Carnaval, o cantor Márcio Victor, vocalista da banda Psirico, passou quatro dias em Miami, nos Estados Unidos (EUA), para descansar. O artista baiano voltou no último domingo (24) para curtir o Natal em família.

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"Todo mundo que trabalha neste ritmo intenso precisa parar um pouco e descansar para o bem da saúde mental! Eu adoro esse lugar e já me sinto em casa, vou pelo menos umas 5 vezes no ano com esse objetivo. O descanso é importante para reoxigenar e eu trabalhei muito neste último semestre, não paramos, realmente estava precisando dessa parada, mesmo sendo poucos dias”, afirmou o artista.

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O cantor ainda fez um balanço sobre seu ano. “Foram diversos pedidos irrecusáveis, inclusive o projeto da Caixa, que me exigiu uma atenção especial por ser a primeira vez e um formato totalmente diferente do habitual. Nesta apresentação, contei de momentos da minha vida até história do verdadeiro pagodão da Bahia”, lembrou o artista, que buscou elementos específicos na construção deste show.

Em seguida, Márcio Victor participou do Festival Liberatum. "Também teve uma carga de muita concentração para a realização, já que foi a minha estreia com uma orquestra", disse. Durante a apresentação, o líder do Psi dividiu o palco com a Afrossinfônica e Luedji Luna.

Márcio Victor também destacou a tour pelos EUA, no mês de setembro, com shows em Boston, Orlando, Massachusetts e Newark.
Na ocasião, o grupo baiano recebeu uma premiação do Brazilian Day Records, prêmio significativo para brasileiros e latinos que moram no país. “Mostramos a força do nosso pagodão no mundo!”, resumiu o artista.

No Réveillon, a Psirico faz a festa em Aracaju (SE) e no Réveillon Gostoso, em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. Na segunda-feira (1º de janeiro), a banda será atração do Festival Virada Salvador. Já no dia 11 de janeiro acontece mais uma edição dos Ensaios do Psi no Santo Antônio Além do Carmo, com o tema de Bailinho de Carnaval.

Nos primeiros dias do ano, o grupo gravará o clipe da sua música para o Carnaval, que é aposta para o Verão 2024. Por ora, a canção trabalhada é “Sentadão”, que integra o projeto audiovisual Psi Universal.


* Publicado por Naiana Ribeiro. Fotos: Sércio Freitas/Divulgação e Reprodução/Redes sociais.

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15 Dec 2023

Hotel Fasano Salvador abre rooftop para público externo e faz balanço dos 5 anos na capital: 'Amor à primeira vista'

Entre a decisão do Fasano de construir um hotel em Salvador e a inauguração da primeira unidade do grupo no Nordeste foram 15 anos. Nesse mês, o hotel completa cinco anos de operação na capital baiana e o Alô Alô Bahia bateu um papo com o sócio-diretor Constantino Bittencourt, 49 anos, em que ele fala sobre como o grupo sempre viu a cidade com um potencial turístico incrível e de como a decisão deles de investir no Centro Histórico foi vista com incredulidade por outros empresários à época. "Muita gente dizia que o Centro Histórico não era o lugar, mas a gente sempre acreditou", diz.  
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Bittencourt fala ainda, com paixão, sobre a escolha de um prédio secular para erguer a primeira bandeira do Fasano na Bahia. "Foi amor à primeira vista, tinha que ser aqui", avalia, se referindo ao prédio histórico, localizado na Praça Castro Alves, que abrigou a primeira sede do jornal A Tarde durante 45 anos e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) como Bem Cultural da Bahia.   

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Nesse bate-papo com o Alô Alô, o empresário menciona outra decisão certeira do grupo: abrir o Fasano em Trancoso. Já no primeiro ano de funcionamento, o hotel, que possui diárias acima de R$ 3 mil, esgotou todas as reservas para o réveillon. O feito se repetiu este ano. Em junho não havia mais vagas para os interessados em virarem o ano na unidade do grupo no extremo sul baiano. "No primeiro ano de funcionamento, Trancoso teve uma taxa de ocupação acima de 60%, o que é muito bom para um resort", ressalta.  
Ele também deu detalhes sobre a interação do público local com o Fasano Salvador. “A gente abriu há pouco tempo, o nosso rooftop para passantes, com reserva de quinta a sábado, para que as pessoas da cidade possam também frequentar. A gente tem sempre um DJ tocando e a pessoa pode vir tomar um drink”.  
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Confira a entrevista na íntegra: 

Alô, Alô - O Fasano está há cinco anos em operação na Bahia. É o único hotel do grupo no Nordeste. Olhando para trás, você avalia que acertaram ao escolher Salvador?  
  
Constantino - O estrangeiro quando pensa em Brasil, a primeira coisa que vem a mente é Rio e Bahia. São dois estados icônicos no imaginário popular, principalmente do estrangeiro. E eu sempre quis fazer um hotel aqui. Salvador sempre teve um potencial turístico incrível, teve seus altos e baixos, seus períodos de glória, e a gente queria resgatar um pouco esses tempos áureos, esses bons tempos de Salvador, mas queria fazer da forma correta.   
  
Alô, Alô - Vocês apostaram no Centro Histórico mesmo num momento em que a região estava desacreditada. O que moveu o grupo?  
  
Constantino - O eixo hoteleiro acabou por um tempo indo para a região de Ondina, tinha o Convento do Carmo que era uma espécie de resistência do Centro Histórico, mas acabou fechando. A gente sempre esteve certo de que, se fosse fazer em Salvador, queria muito que fosse aqui. Quando surgiu essa oportunidade, lembro que me ligaram e vim visitar. Fui recebido pela Prima, a gente foi almoçar em uma churrascaria, aqueles almoços longos aqui da Bahia, e eu louco pra ver o prédio. Quando cheguei, vi esse prédio lindo e pensei: não é possível que seja esse. Foi amor à primeira vista, tinha que ser aqui. Na época, muita gente dizia que o Centro Histórico não era o lugar, mas a gente sempre acreditou. E fazer parte, junto com o Fera e outros empreendedores locais, desse renascimento do Centro Histórico, pra gente é muito orgulho.   
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Alô, Alô - Da decisão de construir um hotel aqui até a inauguração foram 15 anos. Nesse período, o Centro Histórico passou por altos e baixos. Em algum momento, questionaram a escolha do local?  
  
Constantino - Eu peguei vários ciclos da revitalização do Centro Histórico. Peguei um momento muito bom da cidade, depois um período de abandono... Quando a gente finalmente inaugurou o hotel, o Centro Histórico já estava em outro patamar e, de lá pra cá, só vem melhorando. Vejo cada vez mais policiamento, achei linda essa decoração de Natal que fizeram. Acho que essas iniciativas, público e privadas, são importantíssimas, porque esse Centro Histórico é de uma beleza e de uma relevância para o Brasil muito grande, e preciso ser cuidado. Acho que a cidade sabe do potencial turístico, mas ainda não realizou. Se vier outro hotel aqui, será muito bem-vindo, porque só consolida ainda mais, só coloca Salvador em evidência. Agora vão reabrir o Convento do Carmo, isso tudo é muito positivo para a cidade. Se eu pudesse escolher um lugar para estar na cidade, escolheria exatamente esse prédio aqui.   
  
Alô, Alô - A escolha do local tem todo um simbolismo, um apelo histórico...  
  
Constantino - Da idealização até a inauguração foram 10 anos, então é um projeto com 15 anos. Com isso, acabei conhecendo profundamente a cidade, me envolvendo mais, me apaixonando pela cidade e acho que tem uma questão de resgate da história da cidade, mas também o fato de a primeira cidade do Brasil ser Salvador e uma das portas de entrada da cidade era, literalmente, de frente para o hotel, a porta de Santa Luzia. Tinha uma segunda, que era a porta Santa Catarina. Aqui era a entrada da cidade fortificada, a primeira cidade do Brasil, era literalmente na frente desse hotel. Hoje, o hotel está muito conhecido por estar em frente à Praça Castro Alves, mas na verdade é como se ele fosse o guardião da porta de entrada da cidade, acho que esse resgate histórico, cultural, social é muito importante. Nosso único projeto até hoje de retrofit no Brasil, de pegar um prédio histórico. Adoraria fazer mais.  
  
Alô, Alô - Depois do hotel de Salvador, o grupo investiu num resort em Trancoso. Há novos planos de expansão no estado?  
  
Constantino - Traçamos um plano de expansão no Brasil que a gente já alcançou. A gente queria ter um hotel de cidade no Nordeste, que tinha que ser Salvador. De resort, a gente queria um lugar muito estabelecido, que é o caso de Trancoso. Agora, estudamos a possibilidade de fazer em Baixio. Estamos conversando com a Prima, que é nossa parceira aqui há 15 anos, sobre essa possibilidade. Eles estão fazendo um investimento muito importante lá, nos convidaram pra estudar e estamos em processo de conversas. Está ainda em aberto, não está 100% definido, mas com certeza vai ser um hotel. Agora, como exatamente vai ser, não foi definido.   
  
Alô, Alô - O resort de Trancoso, no primeiro ano de funcionamento, esgotou as reservas para o réveillon ainda em junho. Como está a procura esse ano?  
  
Constantino - Também já está fechado, não tem mais vaga para o réveillon, desde o meio do ano. Punta Del Este, Trancoso e Angra são os mais procurados. Trancoso já é um destino muito consolidado, tem um calendário de festas conhecidas, está acostumado a receber, virou um destino de paulistas, que não só tem casa lá, como frequenta o ano inteiro. Ao longo do ano também tem muitos estrangeiros. No primeiro ano de funcionamento, Trancoso teve uma taxa de ocupação acima de 60%, o que é muito bom para um resort. Trancoso talvez seja o destino menos sazonal do Brasil. Tem muitos eventos, muitos casamentos. É um lugar que conseguiu, ao longo do tempo, prolongar muito a alta temporada. Acabou criando uma coisa única no Brasil, que é um destino de lazer que funciona o ano todo.   
  
Alô, Alô - E como está a procura para o réveillon no Fasano de Salvador?  
  
Constantino - Está enchendo aos pouquinhos, já está com uma taxa de 50%. Não é um destino muito procurado no réveillon, mas, aos poucos, acaba tendo uma ocupação razoável. A gente sente que há um pouco de transição. A pessoa vem, passa o réveillon, e depois vai para o Litoral Norte. O tempo de estadia é um pouco mais curto, mas tem o seu apelo.  
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Alô, Alô - Li uma entrevista em que você fala que o público local dá alma aos hotéis. Como se dá essa interação?  
  
Constantino - A gente abriu há pouco tempo, o nosso rooftop para passantes, com reserva de quinta a sábado, para que as pessoas da cidade possam também frequentar. A gente tem sempre um DJ tocando e a pessoa pode vir tomar um drink. Essa decisão de abrir foi muito por conta da experiência do Fasano do Itaim, que inauguramos em São Paulo. A gente criou um rooftop lá e está um sucesso. Aqui a gente abriu agora e acho que também está sendo um sucesso. Por razões óbvias e até por limite de espreguiçadeiras, nossa piscina durante o dia é restrita aos hóspedes. Mas, à noite, a gente decidiu abrir as portas e receber mais a cidade. A gente gosta muito de ser frequentado pela cidade, é isso que dá alma ao hotel. Se os turistas vêm para um hotel que os locais estão frequentando ele se sente parte da cidade. A gente sempre tenta criar nos hotéis um produto que a cidade frequente.  
  
Alô, Alô - O Fasano inaugurou no final de 2018 e pouco tempo depois teve que passar por uma pandemia que levou os hotéis a fecharem. Como foi passar por isso?  
  
Constantino - Ver esse hotel que demorou tanto para sair do papel ser uma realidade e depois ser o sucesso que é, tendo passado por uma pandemia, reaberto depois da pandemia, ver ele aqui, firme e forte, com uma diária média de ocupação como ele está, para a gente, é a realização de um sonho. Abrimos depois de tanto tempo de espera, e, na sequência, veio a pandemia. Ficamos de março a outubro de 2020 fechado, mas reabriu com bastante força e esse ano foi um ano completamente livre, o melhor ano do hotel. A taxa de ocupação é próxima de 50%. Temos a diária mais alta da região, acima de R$ 2 mil. Quando a gente inaugurou esse hotel, a diária média da cidade era por volta de R$ 300, R$ 400 e a gente já se posicionou alto. Agora, estamos a partir de R$ 2300, R$ 2500, se eu não me engano.  
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Alô, Alô - Qual é o público do Fasano? É o turista de lazer ou de negócios?  
  
Constantino - O público tem se misturado muito. Hoje em dia, com a possibilidade de você trabalhar remotamente, que veio com a pandemia, as pessoas têm tentado casar as duas coisas. Como a gente atrai o alto comando das empresas, o empresariado tenta estender um pouco mais, o nosso tempo médio tem aumentado. A gente tem visto isso na maioria dos nossos hotéis urbanos. É um público que é difícil você saber se ele está vindo estritamente a negócio, mas que é bom, porque ele faz a economia da cidade girar. Ele frequenta os restaurantes, vai nas exposições, faz a cidade girar.   

Fotos: Tati Freitas / Divulgação. 

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6 Dec 2023

Cine Glauber Rocha celebra dois anos de reabertura, e procura patrocinador: 'Há um compasso de espera'

O Cine Glauber Rocha, que fica no Centro Histórico de Salvador, completará dois anos de reabertura nesta sexta-feira (8). Após breve fechamento motivado pela saída do banco patrocinador, o cinema segue de forma independente, sempre dando destaque para os filmes brasileiros em sua programação.

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​Cine Glauber Rocha celebra dois anos de reabertura, e procura patrocinador: 'Há um compasso de espera'O último patrocinador do equipamento cultural foi o Instituto Metha, que teve parceria encerrada no meio deste ano após uma quebra de contrato. Conforme o comunicado publicado nas redes sociais em junho, o valor combinado tinha deixado de ser pago há cerca de cinco meses. O Grupo Metha (novo nome da construtora OAS, após reestruturação financeira e empresarial) não se posicionou sobre o assunto.

Em dezembro de 2023, o cinema segue em busca de um novo patrocinador, revela o diretor do local, Cláudio Marques. "Foi um ano estranho, com muitos processos de renovação e reestruturação no campo cultural acontecendo. Conversamos com muitas empresas que se mostraram interessadas, mas há um compasso de espera, sobretudo para que seja possível compreender o atual estado da economia no país", afirma o cineasta, ao Alô Alô Bahia.

Apesar do cenário conturbado, Cláudio se mostra otimista para o próximo ano. "O Cine Glauber deve continuar com suas políticas de inclusão, preços populares, além de ser um dos principais cinemas a exibir cinema brasileiro no país. Em março, teremos o Panorama, que é o mais importante festival de cinema do estado em atividade", diz.

Ele também comemorou os dois anos de reabertura do espaço, e o fato do Cine Glauber Rocha ter sido escolhido para sediar a pré-estreia do filme "Ó Pai Ó 2" na Bahia, no mês passado. Cerca de 2,5 mil pessoas assistiram ao filme no local em um único dia. 

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Em outubro, o cinema recebeu a primeira exibição nacional de “Meu Nome é Gal”, em quatro sessões exclusivas para convidados. 

Giro de fotos: Pré-estreia de 'Meu Nome é Gal' reúne elenco do filme e  personalidades em Salvador
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“Retratos Fantasmas”, o “O Rio do Desejo”, ‘Tia Virgínia” são outros destaques entre as pré-estreias recebidas este ano no complexo de cinema, sempre com a presença de diretores, atores e outros integrantes das equipes. 

Mesmo sem eventos, a produção brasileira está sempre em cartaz. Na programação que começa nesta quinta-feira (7) e segue até a próxima quarta-feira (13), quatro longas nacionais estarão em exibição. Esse perfil o transformou na escolha natural para lançamentos nacionais, gerando forte adesão do público que frequenta o espaço. Basta ver que mesmo após a abertura de sessões de pré-estreia de “Ó Paí Ó 2”  em outros cinemas da cidade, o Glauber foi o local preferido do público, concentrando 24,11% dos 6978 espectadores que viram o filme nos dias 18 e 19 de novembro. 

“A gente percebe que quando um filme fala diretamente com a população, eles escolhem o Cine Glauber para assistir. Isso faz parte do nosso dia a dia, com as matinês, os clubes, os preços populares, isso faz com que se sintam em casa”, conta o sócio fundador Cláudio Marques. Ele ressalta que desde a abertura do espaço, em 2008, há um empenho em dar visibilidade ao cinema baiano e nacional.

Confira a programação do Cine Metha Glauber Rocha para a última semana do  ano
Construído em área que abriga cinemas desde 1919, o pequeno complexo cultural abriga quatro salas de exibição e a Livraria do Glauber. Nos projetos populares, o valor do ingresso é R$ 5. Entre terça e quinta-feira sempre tem um Clube (Melhor Idade, Jovem e Popular) e, aos domingos, a matinê resgata o antigo hábito de ir aos cinemas durante a manhã. 


Fotos: @myphantomtoy, Milena Palladino, Elias Dantas/Alô Alô Bahia e Reprodução/Instagram.

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26 Nov 2023

​Daniela Mercury fala sobre show com o filho Gabriel: 'Repertório raríssimo de ser apresentado em Salvador'

A Concha Acústica do Teatro Castro Alves e a cantora Daniela Mercury têm uma relação de longa data. Foi lá, por exemplo, que a cantora baiana gravou há 20 anos o “MTV ao Vivo: Eletrodoméstico”, seu segundo álbum ao vivo e o primeiro em vídeo. Porém, no próximo sábado (2), ela se prepara para mais um show especial. Trata-se do "Oxente Acústico", projeto onde a artista fará uma apresentação inédita com o filho, o também cantor e compositor Gabriel Mercury.

​Daniela Mercury fala sobre show com o filho Gabriel: 'Repertório raríssimo de ser apresentado em Salvador'
 
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Gabriel já participou de shows da mãe como backing vocal, porém essa será a primeira vez deles como dois solistas em um palco baiano. Daniela e filho conversaram com o Alô Alô Bahia sobre a apresentação, que irá resgatar clássicos da Música Popular Brasileira e composições dos dois juntos. Eles falaram sobre a expectativa de apresentar o projeto na Concha Acústica do TCA, depois de uma pré-estreia em São Paulo, com três noites de casa lotada. 
 

​“Eu acho que o que eu posso esperar da reação é uma surpresa porque a gente está trazendo vários elementos, uma diversidade grande de repertório”, disse Gabriel. “O repertório passa por muitas influências da música popular brasileira, é um repertório de MPB, do lado B da minha carreira, que eu acho que o público da Concha vai se identificar imensamente”, completou Daniela Mercury.
 
Os dois serão acompanhados pelos músicos Bruno Aranha, Tarcísio Santos e Felipe Guedes.  O palco terá um cenário criado pela escultora têxtil Lia Khey, que faz um resgate ancestral do feminino com uma obra que destaca a relação de mãe e filho, chamada "Cordão Umbilical".
 
A cantora baiana ressalta que será um momento único em Salvador: “repertório raríssimo de ser apresentado em Salvador, que até o lado B da minha carreira eu não canto há muitos anos. Mãe e filho juntos é algo realmente único. Ninguém fez um show mãe e filho cantando no Brasil. Tem pai e filho, pai e filhos, avô e netos. É um show que será apresentado de maneira única, não irei cantar este repertório no Carnaval, nem no Pôr do Som e nem no Festival de Verão”.
 
Confira a entrevista com Daniela e Gabriel Mercury:
 
Alô Alô Bahia – Como surgiu a ideia de montar esta apresentação? Há quanto tempo vocês organizam ela?

Daniela Mercury - "Houve sempre o desejo de fazermos esse show. Nos últimos anos, a partir da pandemia, tivemos certeza de que, com o material novo de Gabriel, das composições dele, tínhamos bastante coisas lindas que podíamos cantar e tudo. Daí, quando houve essa brecha de tempo na minha carreira, resolvemos fazer juntos, e na vida dele também coincidiu, fizemos esse show. Era um desejo antigo, recente, que conseguimos colocar em prática, mesmo no verão. Porque é uma turnê que vai rodar o Brasil e o mundo".

AAB - A estreia do "Oxente Acústico" foi em São Paulo. Houve algum motivo especial?

DM - "Sim, São Paulo tem muitos teatros, recebe artistas de todos os lugares do Brasil e do mundo, e fomos convidados para fazer um show acústico, estrear no SESC, lá em Ribeirão Preto, e aproveitamos e fizemos já São Paulo, e é uma cidade que ama show".

AAB - Dia 2 será a primeira apresentação do "Oxente Acústico" em terras baianas, em palco sagrado para a música brasileira. Qual a expectativa de vocês? O que o público pode esperar?

Gabriel Mercury - "Olha, esse show foi um grande laboratório, mas que a gente já sabia que ia dar certo, mas a gente não sabia que ia dar tão certo. Então, a gente já teve uma resposta muito positiva do público em São Paulo, nessas três apresentações, foram teatros lotados. Eu acho que o que eu posso esperar da reação é uma surpresa porque a gente está trazendo vários elementos, uma diversidade grande de repertório. E uma surpresa também para quem não conhece a minha voz, já conhece a voz de minha mãe".

DM - "Eu acho que o público de Salvador, da Concha, ame o espetáculo, de que amem o show. O Oxente é feito por dois baianos, um que eles não conhecem muito, que vão conhecer, que tem uma voz linda, que é a do Gabriel, outro que eles já conhecem, mas que nesse repertório é raríssimo de ser apresentado em Salvador, que até o lado B da minha carreira eu não canto há muitos anos, como Bandeira Flor, Santa Helena".


Fotos: Reprodução/Redes sociais e Célia Santos.

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22 Nov 2023

Primeira baiana negra a levar um Grammy Latino, Xênia França diz: 'Assumi uma autonomia sonora'

Na semana passada, Xênia França tornou-se a primeira mulher negra da Bahia a receber um Grammy Latino. A cantora natural de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, levou o troféu de melhor álbum pop contemporâneo em língua portuguesa, com 'Em Nome da Estrela'. O Alô Alô Bahia conversou com a artista e, nesta entrevista,ela reflete sobre sua trajetória desde a indicação em 2018 até finalmente ser consagrada em 2023.

Na conversa, a cantora usa palavras como mística, sensível e viajandona para definir a si mesma. A baiana compartilha sua visão sobre a improbabilidade de ganhar o prêmio e até brinca que sua sorte pode ter mudado depois de cruzar com Rosalía no Red Carpet. Xênia também conta bastidores da amizade e da inusitada conexão com Gaby Amarantos, que também foi coroada com um Grammy pelo seu álbum 'Technoshow'.
 
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Alô Alô Bahia - Essa foi a segunda vez que você figurou na lista de indicados ao Grammy Latino e a primeira em que conseguiu trazer o troféu para casa. Que análise você faz desses dois momentos de indicação, em 2018 e em 2023? O que aconteceu tanto na tua carreira quanto no contexto do prêmio?

Xênia França - Esse é um resultado de muitas escolhas, pessoais e coletivas, das pessoas que trabalham comigo, que me ouvem e estão atentas ao que eu gostaria de executar artisticamente. Ser indicada no segundo disco e ganhar, eu acredito que é um desdobramento da energia que foi colapsada no primeiro disco. 

Eu lancei o meu primeiro trabalho e fiz as escolhas que fiz. Assumi uma autonomia sonora e estética muito minha e a academia percebeu isso, que eu tinha algo diferente acontecendo. No meu segundo disco, eu resolvi mergulhar nessa experiência que é a experimentação musical, eu não cai no clichê de reproduzir algo que foi feito no primeiro disco. Alguns elementos estão lá, como as percussões baianas, que são a estrutura do trabalho.

O trabalho tem método, mas ele está livre para a criatividade do que acontecer no estúdio. Depois de tudo pronto, o disco fala muito sobre mim, sobre esse estar atenta a mim mesma. O processo desse segundo disco aconteceu na pandemia, então era um momento que só dava para fazer isso, para estar atenta a mim. Fiquei bastante reclusa, inclusive sem muita interação com redes sociais, lidando com meus processos emocionais e psicológicos.

E aí, acabou desaguando musicalmente nesse segundo disco. Estar em estúdio é uma delícia, e a gente tinha tempo para isso. Não tinha outra coisa para fazer, eu não tinha outras preocupações além da pandemia em si. Tudo o que um artista mais quer é ter tempo para produzir a sua arte. Esse trabalho é feito disso, de tempo, de cuidado. 

Não que o outro não tivesse, mas foi feito no rush da estrada, porque eu ainda era do Aláfia quando fiz o meu primeiro disco. E quando eu lancei, já fui para uma turnê, e fiquei em duas turnês ao mesmo tempo, com Aláfia e com o meu projeto. Então, esse foi um momento em que eu tive tempo para estar sozinha e refletir sobre as minhas escolhas artísticas, sobre a minha vida, principalmente. Fiquei super feliz que, dentre 15 mil discos, esse foi escolhido como o Melhor Álbum de Música Pop Contemporânea em Língua Portuguesa.
 
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No álbum, você faz uma viagem interna e chegou a mencionar esse afastamento das redes sociais. O que você pratica para estar atenta a si mesma?

Eu sou uma pessoa muito pisciana. Para mim, é muito fácil me desconectar das coisas. Eu não ouvia música. Com raríssimas exceções, uma música clássica. Eu ouvia frequências porque faz parte do meu desenvolvimento pessoal. Basicamente, eu fiquei dedicada na leitura de coisas espirituais, metafísicas. Sempre fui muito curiosa a esse respeito. No dia a do dia, a gente quer dar atenção para coisas que fazem muito sentido para a gente, mas a gente sempre fica com aquele papo de tô sem tempo.

Nesse período de dois anos que a gente ficou recluso, eu tive tempo para viajar, para me deixar ser quem eu sou. Um pouco antes da pandemia, quando eu recebi o projeto de fazer um disco, eu não fazia ideia do que eu ia dizer. Aí veio a pandemia, piorou. Pensei que não fazia sentido nenhum fazer um disco. Eu ia tocar onde? Na pandemia, lidei com conflitos  internos, coisas que eu carregava desde a infância, como melancolia, autoestima baixa, auto-sabotagem. 

Além disso, tenho toda essa abstração de vida, que é pensar nela como uma coisa meio geral, de ver a natureza como uma plataforma tecnológica que apoia tudo o que vive. De que nós estamos em um planeta apoiado por outros planetas, galáxias. Fico associando isso à ancestralidade, que não é algo apenas físico, mas que a energia da matéria vem e deságua na experiência que a gente tem no presente, no agora.

Eu cheguei à conclusão que o assunto desse disco era eu. Essa visão de mundo que eu tenho. Sempre tive muito cuidado ao abordar isso, até nas redes sociais, mas achei propício colocar em uma obra. É sobre avaliar a existência de um lugar mais amplo, do pequeno até o maior. 

Renascer foi a primeira música, foi um desbloqueio porque eu estava achando que o disco não ia acontecer. Mas aí um dia eu fui passar por um processo espiritual no meu terreiro [Ilê Oba Ketu Axé Omi Nlá, do pai Rodney de Oxossi], e cheguei em casa no dia seguinte e escrevi ela como um auto-manifesto de compaixão, de que não sou uma Mulher Maravilha, de que eu não tenho condição de lidar com tudo. Assumir isso é bancar a cura.
 
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Você é uma mulher negra, uma baiana que não é da capital… E é a primeira baiana negra a levar um Grammy Latino. Num texto no Instagram, você chegou a dizer que ganhar esse prêmio era improvável. O Grammy parecia algo distante demais para alguém como você? O que te fazia pensar nessa improbabilidade? 

A improbabilidade está dentro da coisa algorítmica. Penso em termos de vibração mesmo.  Não era uma coisa distante porque eu já tinha vivido a experiência de ter sido indicada. Não tem nada impossível. A algorítmica é de você colocar o trabalho no mundo, qualquer ação, e depois você não sabe muito bem quais desdobramentos vai ter. 

É tipo: Você decide não ficar em casa hoje, você vai para a academia e nesse dia tem uma pessoa lá na academia que você conhece e ela te oferece uma proposta de emprego. A vida é sempre assim. Então, toda vez que a gente coloca uma coisa material no mundo, mesmo que seja uma palavra, que também é matéria, a gente não tem muita noção do caminho que ela vai tomar. A matéria está regida pelas forças que a gente conhece e as que a gente não conhece. 

Um artista ser indicado a uma premiação pode ser um caminho natural, mas só na minha categoria foram 15 mil inscritos. Nessa hora, a gente tem que contar com nossas forças bem alinhadas. Acredito na energia das coisas, das pessoas, dos materiais.

A indicação ao Grammy já é uma validação. Para nós, essa é a maior honra. Dessa vez, eu fui para lá muito com a sensação de vencedora. Eu andei no Red Carpet depois da Rosalía. Brinquei com meu produtor que eu acho que peguei o rastro da energia dela e ganhei o Grammy. Ali está o suco, a nata da indústria. E eu me apropriei daquela energia. Na hora que veio o anúncio, fiquei estatelada, chorei. O meu trabalho chamou a atenção.


Você foi notícia em diversos veículos no Brasil e na mídia Latina por ter conquistado esse feito. A gente está aqui hoje te entrevistando por conta dessa vitória. Quais repercussões você sente que o Grammy já te trouxe e ainda pode trazer?

Sou muito bicho do mato, sou muito de Camaçari mesmo. Eu e Gaby Amarantos, a gente ficou muito amiga. A gente não se conhecia, fomos apresentadas uma vez, na casa de alguém, mas até aí éramos conhecidas. No mês passado, a gente fez um show juntas, em um projeto que junta pessoas que têm estilos musicais diferentes. Foi a coisa mais, mais! Era uma noite de eclipse. Eu amei conhecer ela! Gaby é muito poderosa e simples. 

Passaram alguns dias, a gente se encontrou na Espanha dois dias antes do Grammy. E eu encontrei ela para dizer que depois daquele show que fiz com ela parece que rolou uma mágica na minha vida. Minha vida melhorou muito. Eu passei a me sentir melhor comigo. 
 
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No dia da premiação, era um mar de gente, me perdi da Gaby, do meu produtor. Comecei a sentir uma dor. Talvez a vitória doa, tá, gente? Dez minutos depois, fui anunciada e ganhei. E em seguida Gaby ganhou logo depois de mim. Falei: "Cara, tá acontecendo alguma coisa entre a gente". Ficamos juntas, celebramos, choramos. Ela é furacão, eu sou reflexiva.

Tudo isso para te dizer que desde que eu cheguei, eu não li muita coisa sobre mim, não entrei muito nas coisas. O pouco que entrei, vi gente falando que não me conhecia, mas que queria muito conhecer. E tem os comentários podres, também, né? Então como sou muito sensível, eu me protejo das redes sociais. Mas sei que tem notícias no mundo todo e eu recebi muita energia de amor. Espero que esse prêmio seja muito próspero.

Fazer um álbum é algo extremamente exaustivo. Eu estava conversando com Liniker na época que a gente estava fazendo nossos discos. Ela estava mais adiantada do que eu. E a gente trocava bastante e eu falava para ela que ninguém sai ileso de um álbum, ninguém sai igual. Eu era uma Xênia antes do meu primeiro disco e me transformei em outra pessoa. Eu conheci lugares que ampliam cada vez mais minha visão da vida. O segundo veio e eu me aprofundei mais ainda em mim. O mundo inteiro me viu subindo naquele palco e eu espero que os desdobramentos disso sejam à altura.

Você viveu a adolescência em Camaçari e já mora em São Paulo há um bom tempo. O quanto a Xênia dessa cidade da Bahia ainda está aí em você? Quais relacionamentos você mantém hoje com teus lugares de origem?

Eu costumo dizer que sou a Bahia onde vou. A Bahia tem mesmo aquele visgo do ditado de que mancha de dendê não sai. Na régua, acho que já tô há mais tempo em São Paulo do que o que vivi na Bahia. A gente tem acesso ao mundo através de São Paulo porque tem gente de todo o mundo aqui. Depois de tanto tempo morando aqui, isso ampliou muito a minha visão de mundo. Mas eu tenho muita consciência de que tudo que sou parte desse lugar, da Bahia. 

Fui uma criança criada numa cidade industrial, minha família é uma família de operários. Não é uma família de intelectuais. Meu pai é artista, tocava violão e cantava na noite. Não fui criada por ele, fui criada pela minha mãe. Mas tenho essa lenda fortíssima que sempre ouvi desde a infância. 

Tudo o que eu sou e de onde eu venho está na minha maneira de fazer música, está no meu sangue e nos meus ossos. A Bahia é uma fonte criadora. Se eu não fosse baiana, eu ficaria muito chateada com Deus. Sempre dou carteirada e nunca deixo ninguém dizer que perdi o meu sotaque. Nunca deixo fazerem essa desidentidade comigo. 

Fotos: Reprodução/Instagram | Bruna Valença | Marina Zabenzi

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20 Nov 2023

'A reparação às vezes demora, mas ela tá vindo', diz Márcio Victor no Jantar Preto

Márcio Victor, vocalista da banda Psirico, foi um dos nomes que prestigiou o Jantar Preto, evento idealizado pela agência KeLe, spin off do coletivo MOOC, que tem como objetivo redefinir as narrativas de luxo, criando um espaço de celebração exclusivo para pessoas negras. A edição deste ano foi realizada na última quinta-feira (16), no Hotel Fasano, no Centro Histórico de Salvador. 

Em conversa com o Alô Alô Bahia, o cantor comentou sobre a importância do Salvador Capital Afro e das ações envolvendo o Novembro Negro, mas ressaltou que deveriam ser feitas o ano inteiro. "Essa luta é de anos pelo reconhecimento do que somos, da história desse lugar. É por onde tudo começou, né? A reparação às vezes demora. Ela vem, tá vindo, mas a luta é muito árdua do nosso povo para conseguir igualdade em todos os sentidos, principalmente igualdade comercial", afirma. 

Segundo ele, o racismo estrutural ainda é visível na falta de patrocínios. "Pessoas pretas seguem sem ter acesso às grandes marcas. Sempre dizem que não tem cota. E nessa questão de ser no Nordeste, ainda tem muito essa coisa de ser o lugar mais populoso pelo povo preto. Salvador é a cidade mais negra fora da África e as grandes marcas ainda preferem desenvolver os trabalhos lá pela rota dos estados do Sul-Sudeste", comenta Márcio. 

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Apesar disso, marcas, como a Meta — que realizou o Jantar Preto em parceira com a agência KeLe — valorizam as potências do povo preto. "Algumas marcas entendem isso e estão chegando junto. Feliz pelo Liberatum, feliz pelo Afropunk e feliz pelo pela movimentação e atenção com os blocos afro no Salvador Capital Afro. Essa dificuldade para conseguir patrocínio é uma coisa ainda que me deixa triste. E os pretos ainda lutam para sobreviver em Salvador. E ainda são vítimas da violência, principalmente contra os pretos da periferia. A falta de oportunidade gera violência. Violência contra o nosso povo", pontua.
 
Márcio Victor, aliás, é um exemplo concreto de que as oportunidades transformam as periferias. "Eu ainda sonho em ver mais oportunidades, mais possibilidades de morar melhor nas periferias, nas encostas. Mais facilidade com os transportes... Sonho que acabem os olhares de que o povo preto tem um cunho de irresponsabilidade, de sujeira ou de impotência. A gente está se organizando há anos para que essa visão modifique o mais rápido possível e a gente possa viver numa sociedade mais igual. E que não sejamos reconhecidos só em novembro, mas durante o ano inteiro", completa.

O líder da Psi fez questão de deixar seu recado aos seus: "Peço à turma, ao povo preto, que se sentir incomodado com qualquer preconceito, racismo, etc, que denuncie, porque isso tem ajudado muito a combater. Não se calem! Ensinem para as crianças que o mundo é delas, e que no futuro não vai ser só novembro, vai ser durante o ano inteiro esse reconhecimento do povo preto". 

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  • Aloísio Menezes, Márcio Victor e Kevin David
O Jantar Preto foi realizado em parceria com a Meta, empresa proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, Flagcx e o Alô Alô Bahia como parceiro de mídia local.


Fotos: Elias Dantas/Alô Alô Bahia.

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10 Nov 2023

Jesus Luz visita Salvador e revela retorno à carreira de modelo; confira

Jesus Luz tem uma ligação muito forte com a Bahia. Em rápida passagem nesta quinta-feira(09) por Salvador para um evento privado, o DJ conversou de forma exclusiva com o Alô Alô Bahia sobre os projetos e sua relação com as terras baianas. Além das pick-ups, ele se divide em duas funções importantes: a recém-retomada carreira de modelo e também a paternidade, tomando conta da filha Malena.

Ele acumula diversos trabalhos internacionais para grifes como Dolce & Gabanna e, mais recentemente, a alemã Philipp Plein. Foi durante a Semana de Moda em Milão, na qual ele também atuou como DJ, que ele voltou a posar para as lentes e retomar a carreira como modelo. Atualmente Jesus vive uma relação amorosa com a dermatologista Camila Ferrer Stroligo, de 32 anos.

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Alô Alô Bahia: Como tem sido conciliar a carreira de modelo com a de DJ? Tem sido um desafio ou a prática já garante que você desenvolva outros projetos?

Jesus Luz: Eu vinha focando na minha carreira de DJ, havia deixado o lado modelo em stand-by. Mas após participar da última Semana de Moda de Milão, voltei a ter contato com o cenário e estou adorando.
Alô Alô Bahia: Por falar em projetos, você acabou de finalizar uma turnê internacional. Estamos nos aproximando do verão. Quais as programações para este final de ano e começo de uma das épocas mais badaladas para quem trabalha no meio artístico?

Jesus Luz:Tenho viajado sem parar, graças a Deus. Novembro e dezembro são sempre bem intensos. Neste ano ainda volto aos Estados Unidos para mais alguns shows no final de dezembro. 

Alô Alô Bahia: Não é sua primeira visita à capital, muito menos a Bahia. Como é sua relação com a terra com que frequência você planeja uma viagem por aqui?

Jesus Luz: Eu amo a Bahia! Já comemorei meu aniversário em Caraíva, passei o Reveillon tocando em Arraial D’Ajuda. Me apresentei em inúmeros casamentos em Trancoso. Minha relação com esse lugar é de pura afinidade. Fico empolgado com qualquer possibilidade de retornar! 
 
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Alô Alô Bahia: Quando vem a Salvador, quais são seus lugares favoritos? Tem amigos na cidade que gosta de visitar, praias, restaurantes ou algum bairro favorito?

Jesus Luz: Tenho alguns amigos em Salvador, conheço os pontos turísticos, sou fã da culinária baiana, mas curto conhecer lugares novos a cada ida. Ainda tenho muito a explorar antes de decretar meus favoritos.
 
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Alô Alô Bahia: Você é pai da Malena, que já tem 7 anos. Como tem sido a paternidade? Conciliar a agenda com essa missão de ser pai tem sido mais desafiador ou já tá conseguindo dominar tudo?

Jesus Luz: Apesar de viajar bastante, organizo bem meu tempo e consigo sempre estar com minha filha. Sem isso eu não teria paz de espírito para trabalhar. Raramente ela diz “Papai, estou com saudades”, já que minha presença na vida dela é constante.
   
Fotos: Vinny Nunes // Lucas Assis // Lucas Assis // Glauber Bassi // Instagram.

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28 Oct 2023

‘Temos artistas negros que tocam nos EUA, mas não na Pituba', lamenta secretário após desabafo sobre falta de patrocínio

Apesar de ser terreno de uma rica herança cultural afro, Salvador pena para conseguir patrocínios de marcas para impulsionar o talento e criatividade da comunidade negra. Em novembro, a capital baiana vai receber mais de 20 eventos culturais de celebração da negritude, entre eles o Afropunk e Liberatum, e recentemente o secretário de Cultura de Salvador, Pedro Tourinho, desabafou nas redes sociais sobre como a concentração de recursos no eixo Rio São Paulo estrangula as possibilidades na capital baiana.

Em entrevista ao Alô Alô Bahia, Tourinho expandiu a conversa sobre esses desafios e o quem vem por aí.

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Alô Alô Bahia - No seu desabafo recente, você ressaltou que, em grande maioria, a prefeitura está apoiando esses eventos sozinha, devido à falta de patrocínio. Qual é a importância de receber apoio financeiro das marcas para eventos culturais como esses? Depois do teu texto, alguma marca chegou para colaborar?

Pedro Tourinho: Olha, 90% desses eventos são produzidos por produtores negros da cidade e do mundo, no caso do Afropunk e Liberatum. A gente está apoiando todos eles para estarem aqui porque sem apoio eles não estariam. O apoio varia: Alguns com recurso, outros com parceria de logística. E aí a gente consegue ajudar para garantir que as coisas aconteçam, mas não é algo fácil para nós. 

Obviamente, qualquer ecossistema de negócios do mundo tem que ter o público e o privado juntos participando. Ter as marcas conectadas é super importante para poder realizar essa que é uma estratégia de política pública de Salvador, que é de se posicionar como capital afrodiaspórica. 

O que publiquei fala desse viés racial das decisões das empresas do eixo Rio-São Paulo, que concentram os recursos em eventos de lá. Tem empresa que gasta mais num estande num festival em São Paulo do que com o que gasta no restante do Brasil. 

Tem projetos de ativação que custam de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, e não colocam um tostão de dinheiro aqui, em eventos de cultura negra em outra capital do país, mesmo com artistas e lideranças internacionais vindo aqui, como Viola Davis, Angela Basset. E tudo com cobertura na imprensa. O que justifica? Nada justifica.

Então, tem um lado que eu, Pedro, secretário, acompanho o trabalho dos empreendedores, e desejo que venha dinheiro, e tem o outro, que é de reflexão, de questionar e apontar o mercado sobre as razões disso acontecer e estabelecer um diálogo para provocar uma mudança. [Vieram] empresas para conversar, sim, mas para fechar ainda não. 
 
Quais são as implicações dessa falta de recursos? Quando o dinheiro não vem, o que acontece?

Primeiro que as propostas nem chegam diretamente para os empreendedores negros porque elas já passam por um filtro da bolha que trabalha nessas empresas, que são, muitas vezes, formada por pessoas que consomem as mesmas mídias brancas.

Essa bolha só vai ser rompida quando você tiver diversidade no campo de decisão dessas empresas. Ou, pelo menos, quando você tiver lá pessoas brancas que tenham consciência de que é necessário reconhecer a contribuição das pessoas negras para a cultura e realizar ações afirmativas para potencializar a equidade racial.

Como abordar a falta de letramento racial e empatia de gestores brancos que estão envolvidos na tomada de decisões culturais? Esse teu desabafo como gestor foi uma tentativa de diálogo com essas pessoas também brancas?

Sim, totalmente. E tive, eu dialoguei. Tive contato com diretores e presidentes de empresas. Falei abertamente sobre isso, repetindo o que falei. A responsabilidade é nossa, sobretudo dos brancos, de reparar. É um assunto que as pessoas evitam. A gente tem um lugar de responsabilidade de agir dentro do sistema para reparar, e de ter consciência do que representa uma ação afirmativa nesse momento da nossa história.

Você se relaciona com uma pessoa negra. O quanto o teu relacionamento impacta o teu modo de ver as coisas da cultura e o teu trabalho como gestor? Você e Kevin têm diálogos sobre esses temas?

Kevin é um grande companheiro e aprendo com ele todos os dias. Conheci através de amigos em comum, atuamos na mesma área em São Paulo, onde ele, assim como eu, é sócio fundador de uma agência de comunicação. A conversa sobre o racismo permeia nossa relação, e não há letramento maior do que a verdadeira empatia.

Você mencionou a importância de as pessoas virem ver com os próprios olhos a potência do que está acontecendo em Salvador. Com os seus olhos, o que você vê que está acontecendo em Salvador?

Acho que a cultura afro diaspórica tem ganhado um protagonismo gigantesco no mundo. A cultura pop mundial é a cultura negra. Ao mesmo tempo, temos artistas de Salvador que tocam no Brooklyn, nos EUA, mas que não tocam na Pituba, sabe? Esse é o caso da Batekoo, que é um dos maiores coletivos de entretenimento negro. 

Eles fazem um festival em São Paulo para 10 mil pessoas, têm contrato com a Adidas, Spotify. Eles são incríveis, têm um projeto super bem sucedido e tem gente em Salvador que não conhece. É isso que está acontecendo em Salvador. Por isso, o Afropunk e o Liberatum fizeram questão de acontecer aqui, de estar aqui e não em São Paulo, porque eles sabem que isso aqui é o centro cultural afro diaspórico do país.

Em novembro, Salvador vai receber mais de 20 eventos que visam valorizar a cultura negra. Esse projeto do Novembro Negro tem sido uma forte aposta no calendário da cidade. É algo que deve ser permanente, acontecendo todos os anos? 

Olha, na nossa estratégia em relação ao turismo, é muito difícil sair da sazonalidade do verão. Então, a estratégia é criar outra sazonalidade. E para criar outra sazonalidade tem que ser outra coisa muito específica que só sua cidade desenvolve, as características dela, como a Semana de Moda de Milão, na Itália, por exemplo, onde tudo acontece ali. Então, aquilo ali vira um destino naquele momento, e todo mundo se encontra ali naquele período, naquele lugar. Só que essa potência deságua nos outros meses do ano. 
 
Então essa foi a estratégia do Salvador Capital Afro e não tem volta. Acho difícil que isso não se torne uma coisa parte do calendário, até porque os hotéis estão todos cheios para o mês de novembro. E esse é o primeiro ano. Depois que acontecer esse ano, que eu tenho certeza que vai ser um impacto gigantesco no posicionamento e funcionamento da cidade, não vai ter como ter volta. Acho que isso pode virar uma chave muito importante na cidade.

E como essa chave vai virar? De que forma esses eventos vão contribuir para a promoção da cultura afro-brasileira na cidade e no país? Quais desdobramentos imagina que possam partir daqui?

Existe um elemento importantíssimo que é a conexão internacional. Se olhar a programação do Liberatum, você vai ter pensadores negros internacionais em contato, em mesas de debates, com pensadores negros baianos. O Afropunk também traz artistas internacionais e a gente vai ter uma festa chamada Everyday People, dia 17 de novembro, que é muito popular nos EUA. É uma das festas mais importantes do Brooklyn e essa conexão é uma virada de chave, um ponto importantíssimo de conexão entre Salvador e os EUA. 

E a segunda coisa é econômica. É provar que o afroturismo é rentável porque esse turismo movimenta a economia. E aí vem a questão de privilegiar empreendedores negros porque o turismo é o maior pilar da economia de Salvador e a gente percebia que a população negra não se beneficiava disso. Então, precisamos beneficiar a galera preta com a própria riqueza cultural que ela produz e oferece.
 
Foto: Reprodução/Instagram.

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14 Oct 2023

“Transformação fabulosa”: Mãeana fala sobre vida em Salvador, projetos e confirma temporada de shows na cidade

Se for preciso escolher só uma palavra para atribuir à cantora Ana Cláudia Lomelino, nome de batismo de Mãeana, a que primeiro vem à mente, depois de conhecer um pouco de sua trajetória, é conexão. A artista carioca de 38 anos, completado no último dia 7, vem trilhando uma bem-sucedida trajetória musical baseada no afeto e construída a partir de trocas, vivências, experimentações e até coincidências, como quando conheceu o som do pernambucano João Gomes numa viagem que fez em 2021 a Bahia, antes de mudar de vez pra cá com o marido, o músico Bem Gil, e os filhos e Dom e Sereno, no ano passado. Em seguida, veio a temporada de shows às segundas-feiras na Casa da Mãe – espaço cultural e gastronômico no boêmio Rio Vermelho, onde o projeto JG, no qual a artista mistura João Gomes e João Gilberto, ganhou corpo.

O show atual, com um repertório que fala muito de amor, veio depois dos elogiados discos “mãeana” (2015) e “mãeana 2” (2021), no qual os temas passam por maternidade, trocas e universos cósmicos e, também, do espetáculo em que reinterpreta clássicos de Xuxa. Hoje, sua voz suave e envolvente embala as releituras de sucessos dentro do que ela chama de “pisa nova”, uma brincadeira que une a Bossa Nova com o piseiro, ritmo cantado por João Gomes.

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Algumas dessas versões foram lançadas nas plataformas de streaming. São elas “Meu pedaço de pecado” e “Tô sem você”, de João Gomes; “Bastidores”, canção de Chico Buarque presente no repertório de João Gilberto; e a mistura de “Digo ou não digo”, de João Gomes, com “Insensatez” (Tom Jobim). Todos os singles foram produzidos por Bem Gil e Sebastian Notini

Com uma agenda já confirmada a partir de novembro em Salvador, logo o público fiel das “Segundanas” vai ter o reencontro que merece com sua artista. A nova temporada na Casa da Mãe promete ser ainda mais surpreendente que a anterior, quando Mãeana fez de tudo, experimentações musicais e cênicas, encontros e até mesmo seu próprio casamento, realizado no palco, diante dos sogros Flora e Gilberto Gil e de amigos famosos como Caetano Veloso, Regina Casé e Paula Lavigne. Enquanto essa hora não chega, confira a entrevista que Mãeana deu ao Alô Alô Bahia. Uma sugestão: leia ouvindo sua playlist.
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Alô Alô Bahia: Você tem já uma trajetória rica em experiências na música, ao mesmo tempo em que cada passo de sua trajetória vem acompanhado de uma novidade sonora. O que te motiva na música?

Mãeana: A musicalidade sempre esteve presente na minha vida. Meus pais amam música e esse amor se expandiu para os filhos, e todos, apesar de não trabalharem com ela, fazem dela parte da vida. Meu pai é engenheiro, mas toca piano e sempre tivemos piano em casa. Minha mãe tocava violão e canta lindamente. Meu irmão é médico, mas toca cavaquinho, um instrumento que eu acho, inclusive, muito difícil. O nome dele é João Paulo Lomelino e é um doutor oftalmologista de grandes sambistas. Então o que me motiva é esse amor, a música está em tudo na minha vida desde sempre e na hora de descobrir minha autonomia profissional, ela me pegou pelas mãos e me guiou de forma muito generosa. Sempre cantei rodeada de pessoas muito amorosas e que também amam música. Vejo essa relação entre a música e os habitantes do planeta Terra como algo absolutamente divino. Existe uma parábola de Khalil Gibran que diz que a música é uma deusa que se apaixonou pelo ser humano e por isso está sempre perto dele.
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AAB: Você disse em uma entrevista que evitou cantar o amor e agora imergiu na obra de João Gomes. Como se deu essa descoberta musical e essa mudança?

M: 
Eu evitava o amor romântico por uma necessidade de equilíbrio, queria poder cantar e ouvir outros temas porque esse predomina demais sempre, mas isso não significa que eu não goste do tema, eu gosto muito e, de fato, parece ser o que mais toca as pessoas. Conheci o som de João Gomes aqui na Bahia, numa viagem que fiz em 2021 e fiquei escutando no repeat. Naturalmente aprendi todas as músicas do disco ‘Eu tenho a senha’ e comecei a cantar elas sempre: no banho, na vida, nos stories e depois incluí as minhas duas preferidas no meu show autoral - que não é exatamente autoral pq são canções de amigos feitas pra eu cantar - e todo mundo gostou e pedia mais. A mudança (de repertório) se deu junto da mudança pra Salvador.


AAB: O que cantar o amor muda no que você acredita e defende como mulher e artista?

M: Eu acreditava que cantar o amor era menos importante justamente por esse tema ter uma predominância tão desequilibrada, mas aos poucos estou conseguindo cantar o amor e ao mesmo tempo falar de questões que eu acredito serem muito importantes e necessárias.


AAB: Seus shows são sempre experiências que vão além da musicalidade (fui te ver na Casa da Mãe). Você se exprime através do figurino e do gestual, para além da cenografia, entregando um espetáculo cênico. Como se dá a concepção dos seus shows?

M:
A concepção dos shows começa dentro de casa e na minha vida eu sempre dei importância a estética como um todo, sou apaixonada por cores, coisas e etc, e sobre o gestual, a mesma coisa. Minha formação acadêmica é em Consciência Corporal na escola Angel Vianna, no Rio de Janeiro, amo dançar.
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AAB:  De onde vem sua bagagem musical? O que você ouve sempre e o que tem descoberto, além de João Gomes?

M: Tenho um repertório de gostos muito vasto na música brasileira, amo muita coisa! Os Tincoãs, os Tropicalistas, a bossa-nova, o samba, os afro-sambas, o pagode, a MPB em geral, mas confesso que sou apegada a músicas antigas e raramente me apaixono por algo novo, como foi o caso do JG, mas acompanho o som dos meus colegas de geração com admiração também. Escuto sempre Jorge Aragão e de novas descobertas eu vou citar Natascha Falcão [cantora pernambucana indicada ao Grammy Latino 2023 na categoria Revelação].


AAB: Como a decisão de morar em Salvador impactou sua vida em família e seu processo criativo como artista?

M: 
Estamos morando em Salvador desde julho de 2022 e a transformação foi fabulosa. O projeto JG, no qual misturo João Gomes e João Gilberto, nasceu e ganhou corpo graças a oportunidade que Stella Maris me deu de cantar na Casa da Mãe (bar icônico do Rio Vermelho) toda semana. E a família toda está muito feliz.


AAB: A temporada que você fez na Casa da Mãe foi um sucesso. Quais seus planos em solos baianos?

M: As “Segundanas” voltam em novembro e ficam o verão todo. Toda segunda-feira estarei lá na Casa da Mãe cantando o amor e falando minhas ideias, meus minutos de sabedoria (risos). Em dezembro, vou fazer meu show autoral no Festival Radioca, dia 17. Vai ser uma retomada maravilhosa pra mim pois quero muito que Salvador conheça minha outra vertente musical - maternal e ufo!

   
Fotos: divulgação e reprodução/redes sociais


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