21 Aug 2019
Alô Alô Bahia entrevista a escritora baiana Telma Brites
Alô Alô Bahia: O que te motivou a ser escritora?
Telma Brites: Os livros fizeram parte da minha vida desde criança. Sob a influência da minha mãe, pedagoga, e do meu irmão mais velho, que não largava livros, desenvolvi hábitos de ter sempre um livro perto e sonhar com ele. Andar por caminhos imaginários cheios de romance, aventura e mistério. Cresci tendo o sonho de um dia passar as fantasias que dominavam, constantemente, a minha mente para o papel. Comecei um livro aos 13-14 anos, que foi perdido com o tempo e os deslocamentos. Na França, a inspiração me levou para o mundo da poesia e só na Alemanha consegui ter a coragem de realizar o antigo sonho que foi o de escrever um livro. Assim nasceu o volume 1 ‘Gaia – A Roda da Vida’.
Alô Alô Bahia: Quais são os principais aprendizados profissionais que a experiência na Europa te trouxe?
Telma Brites: Na França, fui inicialmente autodidata na arte de ensinar português. Ao longo do tempo, fui me formando e trabalhando como professora nos colégios até o momento de me sentir motivada e segura para passar o CAPES - Certificat d’Aptitude au Professorat de l’Enseignement du Segund degré, diploma de ritualização, para lecionar língua portuguesa até o segundo grau. A França me ajudou a confiar mais em mim e no meu potencial, a descobrir capacidades que até então eu desconhecia. E na Alemanha não foi o contrário. Como nas escolas não se ensina o português, comecei a fazer o que sempre gostei e já fazia como amadora, aqui no Brasil. A arte de representar. Fiz teatro em português e em alemão, mesmo que a língua alemã não fosse o meu ponto forte. Interpretei pequenos papeis em curtos filmes para estudantes universitários e na televisão. Com a cara e a coragem e o coração em prantos, enfrentei os meus medos e decidi conquistar meu espaço em uma cultura diferente. Então, na procura de me reencontrar enquanto ser, mulher, mãe eu aprendi recomeçar e reaprender o que já conhecia e o novo também.
Alô Alô Bahia: Como surgiu o interesse em trabalhar com a mitologia grega?
Telma Brites: Gosto muito de mitologia. Sempre acompanhei os livros e os filmes com temas mitológicos e fantasia com os meus filhos, desde o mais velho, hoje com 28 anos, até a minha caçula, 16 anos. Lia livros com este tema, ficava impressionada como a mitologia está tão incrustrada “disfarçadamente” na nossa sociedade, por exemplo, a palavra cronológica vem do deus Cronos; pânico vem do deus Pan e assim por diante. Este mundo sempre me fascinou. Então, pesquisei para aprender mais do que eu sabia e poder escrever os livros ‘Gaia – A Roda da Vida’ e ‘Gaia – O Templo esquecido’, que têm como pano de fundo a mitologia grega.
Alô Alô Bahia: Quais são as expectativas com a sua nova obra “Gaia – O Templo Esquecido”? O que o público pode esperar dessa história?
Telma Brites: ‘Gaia – O Templo Esquecido’ é o seguimento de ‘Gaia - A roda da vida’. O primeiro é o confronto da personagem principal em aceitar os desígnios que o universo colocou nas suas mãos, por via de uma profecia onde ela vai crescer e amadurecer, enfrentar os seus medos e anseios, encontrar o amor. O segundo 'Gaia o Templo Esquecido' é a procura de si mesma, é o encontro com a separação, com a solidão para a partir daí aprender a se desprender da carga do passado e das expectativas do futuro, e viver somente o aqui e agora. Assim, o segundo livro da trilogia esclarece o leitor, fechando os vários pontos deixados abertos e levando-o a refletir sobre nossa real natureza.
Alô Alô Bahia: A inspiração para a sua nova obra surgiu quando você estava de férias em Creta, na Grécia. Comente um pouco mais sobre essa viagem.
Telma Brites: Creta é uma ilha maravilhosa e a morada de Zeus enquanto criança. Então, a energia dessa terra flora por todos os lados. Foi assim que, terminada as férias, parei para meditar em agradecimento aos maravilhosos momentos passados lá. Faltavam algumas horas para o ônibus nos levar ao aeroporto e, então, vi o que já tinha visto e nunca enxergado, um monte rochoso alongado que naquele momento me pareceu um gigante adormecido com as mãos cruzadas no peito. Ficava ao lado da pequena montanha onde estava o hotel. E foi aí que o gigante adormecido em mim acordou transbordando minha imaginação e me trazendo a história da minha Gaia, que na Original é a própria terra, a mãe terra da mitologia.
Alô Alô Bahia: Quais são as suas principais fontes de inspiração para escrever? Como funciona o seu processo criativo?
Telma Brites: Eu escrevo a partir da minha própria vivência e das experiência do cotidiano, o que vejo, o que como, os lugares que ando, por ex. a cidade de Colônia, Sechtem, cidades alemãs que já morei ou moro. As partes “realidades” do livro são autênticas, nada é imaginado. ‘Gaia - A Roda da Vida’ e ‘Gaia - O Templo Esquecido' só conseguia escrever nos Cafés de Colônia e Bonn (cidades alemãs). O murmurinho de vozes misturado com a música de fundo, me faz entrar em um casulo onde só existe eu com meu coração e minha mente e o computador. Já o volume 3, ‘Gaia - A Cidade da Luz’, que já está na fase de revisão e será lançado antes do Natal, eu só consegui escrever em casa pois necessitou de muita pesquisa.
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